quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Descoberto mecanismo de envelhecimento aparentemente universal.


Não se engane pela aparente simplicidade do título. A novidade é fantástica e pode ser o início da resolução do problema do envelhecimento, conforme pode ser visto na última revista Cell. Segue o meu resumo.

Já há um tempo que se sabe que um grupo de genes conhecidos como sirtuins estão de alguma forma envolvidos nos mecanismos do envelhecimento. Este genes quando estimulados, seja pelo resveratrol ou por uma dieta de restrição alimentar tem um efeito positivo tanto na saúde, quanto no envelhecimento.

O professor de patologia da escola de medicina de Harvard, David Sinclair e colegas do instituto de tecnologia de Massachusetts, descobriram há mais de uma década que os sirtuins apresentam um importante papel no envelhecimento de células de levedura por meio de dois caminhos. Ajudando a reparar DNA danificado e a regular a atividade de outros genes. Ao passar do tempo danos no DNA vão se acumulando e os sirtuins se tornam ineficientes para regular apropriadamente a atividade genética, processo pelo qual o envelhecimento se instala.

Por muito tempo se acreditou que isto era um processo característico unicamente das leveduras. Até que Philipp Oberdoerffer, um cientista trabalhando no laboratório escolar de Harvard descobriu que ratos também apresentam uma versão dos sirtuins. Nestes ratos, estes genes apresentam as mesmas funções, e é provável que funcione da mesma maneira em todos os mamíferos.

Isto é muito importante. Todas as células do seu corpo apresentam o mesmo DNA, assim células cerebrais contem os mesmos genes das células do fígado. E os sirtuins controlam o funcionamento genético para que no cérebro sejam ativados apenas os genes que devem funcionar sobe as condições cerebrais. Se este mecanismo falha, as células cerebrais podem começar a se comportar como células do fígado, o que é muito ruim e potencialmente pode lesar o cérebro.

Para desempenhar o papel de regulação de expressão gênica e reparar o DNA os sirtuins codificam uma proteína com dupla função chamada de Sir2 em leveduras e SIRT1 em mamíferos.

Por meio de alterações genéticas foi possível fazer com que células de ratos expressassem grande quantidade desta proteína e estes ratos se tornaram mais resistente ao câncer e mantiveram um padrão de expressão gênico muito mais jovial.

Esta descoberta é muito empolgante pois demonstra que uma única proteína pode estar na raiz do envelhecimento e que se for possível demonstrar este mecanismo no ser humano ele pode conduzir a meios pelos quais será possível restaurar a saúde de pessoas idosas, reduzindo os efeitos do envelhecimento.



Fonte: Cell, 28 novembro 2008, vol. 135, ed. 6

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