Pode ser mais um caso de fraude, mas importantes investidores já "acreditaram" mais de US$ 60 milhões na idéia do médico e pesquisador Randell L. Mills, que fundou a empresa BlackLight Power, inc. que ostenta laboratórios com equipamentos no valor de US$ 10 milhões e emprega 22 colaboradores em tempo integral, 20 consultores, sendo a maior parte cientistas entre eles 8 PhDs.
Mills, discordando do atual modelo atômico, afirma poder levar o átomo de hidrogênio a um estado mais baixo de energia do que o estado tido como mais baixo atualmente, e desta forma liberando uma enorme quantidade de energia. Mills afirma já ter construído e apresenta seu gerador protótipo capaz de gerar 50 KW de energia a um custo muito inferior a qualquer outra fonte de energia.
Há 15 anos Mills começou a propor seu novo modelo, e desde então vem sendo criticado pela comunidade científica que apesar de não concordar com seus modelos não conseguem provar que ele está errado. Alguns afirmam que Mill é realmente um pesquisador muito brilhante e de fato descobriu algo novo, só não é algo tão fundamental quanto Mill acredita ser.
Hydrinos
Segundo Mills, por meio de uma reação que ele batizou de BlackLight process é possível com o uso de um catalisador de Li e NaH levar o elétron do hidrogênio abaixo do nível 1s, estado teórico no qual o hidrogênio recebe o nome de Hydrino. Ao contrário do atual modelo da física quântica, neste modelo proposto por Mill existem estados de energia que são frações de inteiro (1/2, 1/3, ¼ ... 1/50...).
O Hydrino formado seria totalmente seguro para o meio ambiente e seria muito mais leve do qualquer outro gás, e tenderia a escapar para fora da atmosfera terrestre. Além disso devido às novas propriedades químicas do hidrogênio neste estado ele poderia ser utilizado em uma série de outras aplicações. Entre as novas propriedades descritas por Mills o hydrino poderia capturar um elétron a mais formando um H-, uma verdadeira aberração química.
Geração de energia
Quando um hydrino é gerado por meio de uma reação catalisada isto produz muito mais energia do que consome, energia esta que é mais do que a necessária para promover mais eletrólise da água levando a produção de mais hidrogênio que será convertido em mais hydrinos. Os únicos ingredientes necessários são água, catalisador, e calor. Os únicos resíduos são hydrinos e muito mais calor que pode ser aproveitado para produção de energia.
CQM - Classical Quantum Mechanics
Mills se propõe a revolucionar os conceitos físicos e químicos atuais e afirma que sua teoria o qual ele chama Classical Quantum Mechanics unifica as equações de Maxwell, as leis de Newton, e as teorias da relatividade geral e especial de Einstein, e que se fundamenta no princípio de que as leis físicas propostas servem em todas as escalas subatômicas até o tamanho do universo.
Software químico computacional
A fim de colocar seu modelo a prova e demonstrar a sua validade, Mill criou um empresa subsidiaria chamada Millsian Inc, o qual disponibiliza um software de modelagem computacional que utiliza seu modelo. No site da empresa é possível ver vídeos sobre o software bem como baixar um shareware para experimentação.
Maiores informações podem ser vistas na Wikipédia, bem como no site da empresa onde estão todos os papers produzidos pela equipe de Mills.
3 comentários:
Cacetada! Isso é MARA! Nunca tinha ouvido falar de tal iniciativa.
Vou dar uma lida e tentar entender melhor o que o cara está propondo. Se unificarmos a fisica clássica a quantica, estará o universo a nosso alcance!
É algo peculiar e difícil de se acreditar. Para que seja verdade o que ele afirma, é necessário que seus modelos matemáticos descrevam com um grau bastante alto fenômenos no mundo real, e ainda não sabemos como são tais modelos. Há também o detalhe de que, caso seja verdadeira sua idéia, ele estará unificando os dois ramos da Física Moderna (Relatividade Geral e Mecânica Quântica) que são incompatíveis. Este feito tem sido considerado o "Santo Graal da Física Moderna" e muitos Físicos renomados como Stephen Hawking, Roger Penrose tem tentado realizar, ainda sem sucesso. Apesar de não ter lido o artigo publicado por ele na comunidade científica, creio que para que ele consiga tal feito associando ainda a Mecânica Newtoniana ao conjunto descrito, ele estará ferindo profundamente o princípio da incerteza. Sei o que estou tendenciado a pensar sobre a idéia dele, e acredito não ser verdadeira.
Estranho, muito estranho. Não passei o olho pelos artigos ainda, mas me chamou a atenção o fato de que afirmações tão extraordinárias não fossem publicadas em peródicos com grande fator de impacto...
O valor de energia dos niveis já é fracionário. Ele quis dizer que o número quântico principal 'n' é fracionário? Bom, se as idéias desse cara estiverem corretas simplesmente teremos que jogar fora toda a mecânica quântica e eletrodinâmica quântica, sendo que esta última faz previsões teóricas que divergem das observações experimentais em aproximadamente um em um trilhão (10^(-12)), algo como prever o tamanho territorial dos EUA com margem de erro da ordem do diâmetro de um fio de cabelo. Esta teoria simplesmente se trata do trabalho mais bem sucedido da história da física até o presente momento.
Outra coisa: já foi verificado bem antes da metade do século passado que a mecânica clássica (não-relativística) é um caso especial, ou limite, da mecânica quântica (fazendo h->0 e n->infinito obtemos as principais equações da formulação clássica). Isto se chama "princípio da correspondência", de modo que o termo CQM é um tanto quanto... Bom, deixa pra lá. Nem vou comentar com maiores detalhes o fato de que, pela formulação atual da teoria quântica, as equações de Maxwell falham miseravelmente no limite subatômico, já que há uma quebra de continuidade nos campos em questão.
De qualquer maneira, ainda vou dar uma lida em alguns papers, mesmo tendo quase certeza de quem tem merda grande aí (diversão para as férias). Falo isso com base no pouco que já estudei de mecânica quântica (três disciplinas do bacharelado em Física, que sequer chegam na formulação relativística de Dirac).
Postar um comentário